Por um sindicalismo popular, classista e de base

O SEPE deve representar todos aqueles compromissados e identificados com seus objetivos e lutas imediatas, independente de sua filiação partidária. Isso exige uma definição contrária a toda tática que objetiva a transformação de nossa entidade sindical em aparelhos de partidos ou agrupamentos políticos, de parlamentares, de candidaturas ou de governos de quaisquer partidos. Porém, o que presenciamos já há alguns anos em nosso sindicato é a maioria dos agrupamentos e correntes atuando em nossa categoria em uma lógica de partidarização de nossa entidade.

Defender esse posicionamento não significa que defendemos um sindicalismo despolitizado. Só um SEPE politizado e orientado intransigentemente pelos interesses de nossa categoria, permitirá conquistarmos nossas reivindicações ao ligarmos as mesmas à luta política pela construção de um futuro poder das maiorias: o poder popular.

A partir daí, a ação conjunta ao lado dos partidos políticos, identificados com os caminhos de luta definidos na base das categorias, significará um avanço na qualidade da luta, à medida que as entidades tenham uma autonomia que as transformem em alavanca na criação de instâncias que ajudem na construção de um poder organizado por homens e mulheres conscientes de sua força, seus interesses e de sua capacidade de auto administrar-se.

Tanto o sindicalismo partidarizado quanto o sindicalismo apolítico e, mesmo, antipolítico, levam ao mesmo resultado. Hoje, com o SEPE partidarizado nosso sindicato termina por assumir uma visão parcial de nossos problemas e suas soluções, a dispersar nossa categoria e a fracassar, tanto na mobilização e organização quanto na conquista de nossas reivindicações concretas.

Por tudo isso, o Círculo Bolivariano Paulo Freire pretende unificar esforços e militância sindical para apostar no desafio de construir a unidade na ação daqueles profissionais da educação que tenham como referencial a defesa e a implementação de uma prática sindical popular, classista e de base no cotidiano de nosso sindicato.

Um movimento de reconstrução de nosso sindicato que contribua com uma nova prática sindical no SEPE:
  • rompendo com o moto perpétuo das lutas internas, onde a luta interna de hoje é filha da luta interna de ontem e prepara a luta interna de amanhã;
  • não tratando nossas categorias como a um auditório que ouve quieto, vota quieto e retorna quieto na próxima assembléia ou eleição. Precisamos de sindicatos politizados e permanentes que não estejam centrados nas eleições sindicais, na organização de grupos de interesse para luta interna e em realização de reuniões ou encontros em que se debatam apenas palavras de ordem;
  • consolidando instâncias participativas e democráticas e não transformando nosso sindicato em um prolongamento das disputas eleitorais partidárias, e nossas instâncias em espaços de cooptação e propaganda dos partidos;
  • questionando a visão aparelhista e a partidarização que transformam nosso sindicato em correia de transmissão de partidos. Não tendo nossos dirigentes sindicais designados pelos partidos políticos, sem terem vinculação com a realidade de nossa categoria;construindo definições e unidade de ação em nosso sindicato que aumentem as possibilidades de avanço do conjunto da categoria. Não reproduzindo as definições e a unidade dos partidos políticos que atuam em nosso sindicato;
  • lutando por um programa de lutas que tenha como referencial o conjunto da categoria e nossas reivindicações e interesses e não o nível de consciência da vanguarda de ativistas sindicais. Um SEPE que não seja “despolitizado e corporativista” para não perder a radicalidade necessária para nossas conquistas, mas que também não assuma um radicalismo que coloque a retórica ou as doutrinas acima da experiência histórica de nossa categoria;conquistando uma maioria nas direções do SEPE que mobilize cotidianamente nossa categoria para a luta popular por Reformas de Base e estimule a criação de órgãos de poder político popular que apontem para uma maior participação do povo nas decisões governamentais ou privadas relacionadas com nossos interesses;
  • defendendo um SEPE classista, popular, autônomo e representativo dos interesses de nossa categoria e de todos aqueles - adultos, crianças, homens e mulheres - identificados com as lutas pela educação que o Brasil necessita e pela sua libertação nacional e social;

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O radical não se sente dono do tempo, nem dono dos homens, nem libertador dos oprimidos.
Com eles se compromete, dentro do tempo, para com eles lutar.
Paulo Freire


“E eis que o anjo me disse apertando a minha mão entre um sorriso de dentes: vai, bicho, desafinar o coro dos contentes.”
Torquato Neto



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